domingo, outubro 12

A Rebelião: liberdade à uns, repressão à todos

A Balaiada iniciou no dia 13 de dezembro de 1838, na Vila da Manga, no Maranhão, com um grupo de vaqueiros, no qual Raimundo Gomes era o líder. Este grupo invadiu a cadeia local para libertar companheiros que tinham sido presos, e, com êxito, o grupo tomou conta do lugarejo. Por fim, divulgaram um manifesto, o qual dizia “fora feitores de escravos!”.
Durante a regência de Feijó (1835-1837), o Maranhão foi governado pelos liberais, os bem-te-vis. Os conservadores, favoráveis à volta de D Pedro I e adversários dos bem-te-vis, eram chamados de cabanos. Apesar de possuírem ambições diferentes, ambos os partidos eram da camada social rica dominante do Maranhão. Em 1837, Araújo Lima ascendeu como regente, e com a vitória dos conservadores, os cabanos conquistaram o poder. Os cabanos afastaram os bem-te-vis do poder, porém estes não deixaram de atacar seus adversários através do jornal “Crônica Maranhense”.
No período em que se começava a discutir a aprovação do Ato Adicional e, conseqüentemente, o centralismo, os cabanos do Maranhão tomaram algumas decisões. As atitudes tinham o objetivo de aumentar seu poder na província, portanto, assumiram o controle das prefeituras e das forças armadas. Além disso, para enfraquecer ainda mais os bem-te-vis, os cabanos recrutaram para a Guarda Nacional boiadeiros e feitores das fazendas dos bem-te-vis. Foi a partir deste momento que a luta entre os membros de uma camada rica (cabanos e bem-te-vis) atingiu a camada popular, que aderiu à revolta iniciada por Raimundo Gomes.
Raimundo Gomes ampliou cada vez mais a revolta, levando-a para o interior do Maranhão. Em 1839, a revolta contava com a participação de Manuel dos Anjos Ferreira, fazedor de balaios e por isso apelidado de Balaio (origem do nome da rebelião). Os balaios, na sua maioria índios, negros e mestiços, se declaravam para os jornais como bem-te-vis, mas seus objetivos eram bem diferentes dos objetivos dos verdadeiros bem-te-vis. Os balaios queriam “fora os feitores de escravos”, coisa que os bem-te-vis não queriam, já que eles mesmos é que faziam parte da alta esfera da sociedade maranhense.
Neste mesmo ano, em março, quem tomou posse da província foi Manuel Felizardo de Sousa e Melo, e, contra sua vontade, o movimento balaio crescia cada vez mais, e atingiu seu auge com a tomada de Caxias, cidade do Maranhão. A partir desse momento, os cabanos e bem-te-vis perceberam a força dos balaios, o que os levou a unirem-se em busca de uma solução.
Em 1840, o coronel Luís Alves de Lima foi empossado presidente da província do Maranhão. Com uma tropa de oito mil homens, o novo presidente começou a atacar os balaios, já enfraquecidos após a perda de apoio dos bem-te-vis. Raimundo Gomes foi perseguido e buscou refúgio, enquanto isso, Cosme passou a ser o principal líder dos balaios em atividade. Todavia, Raimundo foi preso e trazido morto para São Paulo; Cosme também foi preso, e depois enforcado. Foi então em 1840 que a Balaiada foi reprimida por completo.

(A imagem acima apresenta os balaios, responsáveis pela rebelião.)

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